5 dezembro de 1998
O governo ajudou, sim, de forma um tanto perversa. Falo daquela regra: ``quer trabalhar, receba tanto. Mas se quiser ganhar 20% a mais, aposente-se''. (Umas trinta pessoas aceitaram o trato, só para ouvir mais tarde que eram vagabundos.) A renovação do quadro, contada do modo curto e grosso, afastou os com mestrado, bem pagos e com base de carreira em cursinhos e escolas. Chegaram os com doutorado, mal pagos e com carreira iniciada nos centros de renome internacional. Entre eles duas estrelas da matemática nacional, que cada centro adoraria de atrair.
As aposentadorias em massa houve em todos os cursos de Universidades Federais. Mas no nosso caso, um longo e complexo processo de modificações, havia também a capacidade de fazer uma confissão coletiva de nossa culpa. Isto é meio raro, com a posição estável pode faltar vontade e estímulos para caçar seus próprios erros. O que motivou a nossa batida no próprio peito?
O clima de insatisfação com os nossos resultados. As explicações costumárias (o despreparo dos calouros, falta de verbas e de livros-textos, etc) são corretas mas inúteis. Percebemos que mais lucro viria da simples pergunta: o processo didático usado no ensino de matemática está certo? E para que soltar os cachorros sobre as escolas se somos nos quem forma educadores
Em dezenas de discussões analisamos cada detalhe do nosso Curso. Os currículos, modos de expor, expectativas com relação ao calouro e ao formando, seleção de quem ia lecionar. Mudou tudo, menos os estudantes. Trabalhamos em geral com estudantes - digamos - regulares e os auxiliamos a se tornarem os excelentes profissionais.
Ah, prometi uma receita para vencer? Pois é. Nos somos uma equipe técnica, o apoio dos jogadores. São os nossos formados quem ganhou o jogo. Quer ganhar? Faça como eles: forme-se na UFSC em matemática.
A primeira versão foi encurtada para se adequar às normas do Diário Catarinense. Mas isso pouco ajudou.