Reconheço que os cientistas não têm a mesma opinião sobre
estranho
e natural que um típico apreciador do programa
Fantástico. Fico admirado quando vejo alguém que separa gema
da clara usando apenas o poder do pensamento mas surpreende-me
nisso o fato que alguém gasta 3 horas e 4 kg de peso por causa
do esforço mental para fazer o mesmo que eu faço com uma faca e a própria
casca do ovo em 10 segundos. Por outro lado várias pessoas não verão
graça alguma em multiplicação de dois números por meios geométricos
- e para mim isso é algo fascinante. Estou me referindo ao resultado
tão trivializado hoje em dia que pode servir de um simples exercício
no começo do curso veja o exercício 6 da página 9
e as observações que o precedem.
Para esclarecer o motivo do meu fascínio: imagine que partindo do intervalo
que tem comprimento
você chegou produzir outros intervalos com
comprimentos
e
o teorema
de Pitágoras
e a construção do pentágono regular podiam levar a este resultado. Suponha
agora que por algum motivo você decidiu visualisar (interpretar
geometricamente) o número
. O uso rotineiro do teorema de Tales
resolve isso em poucos instantes. Esse teorema é conhecido desde 2600 anos
- então pode-se
concluir que os cidadões da antiga Grécia ou Roma ou a turma do Pedro
Álvares Cabral podia fazê-lo a vontade? Nada disso. Ao longo de 2000 anos
entendia-se que a única interpretação geométrica do produto de dois
comprimentos é uma área do retangulo com as adequadas arestas. Foi uma
enorme surpresa quando por volta de 1640 Descartes sugeriu
a receita
para essa visualição. Uma parte da surpresa (chame-a
de social) reside no fato que aparentemente ninguém se deu conta disso
durante 2000 anos mesmo que o teorema de Tales fazia parte indispensável
da instrução; mas a maior motivo da surpresa (chame-o de técnico, se
quiser) reside no seguinte: parto das noções que se referem a reta, ai
também termino. Mas o meu caminho
obrigatoriamente me leva por
uma construção planar. Problemas da dimensão um resolve-se usando meios
da dimensão dois.