Um dia o presidente do C.A.L.MA. (Centro Acadêmico Livre de Matemática) perguntou se gostaria de escrever algo sobre a minha visão do nosso curso. Admito que não percebi na hora que esse convite foi uma honra: fui o único docente convidado a expor o seu ponto de vista. Obrigado.
Mas se tudo funciona como supostamente deve funcionar, de que falar? Um olhar na Internet mostra que os professores têm bons currículos. Quando eles ministram as aulas aparentemente sabem de que estão tratando. Se julgar pelas notas do "provão" os estudantes retêm as informações. E há indícios que permitem suspeitar que a moldura administrativa do curso foi usada pelos especialistas do MEC como um modelo para estruturar diversos cursos de licenciatura no País. Além disso, o tratamento que estudantes recebem na Coordenadoria é do primeiro mundo.
Mas se tudo está tão bem, porque as coisas acabam sendo tão ruins para a maioria dos que ingressam no curso? Porque 50 entram e só 10 terminam no prazo regulamentar?
Em vez de chatear você com as minhas teorias proponho que você - uma pessoa que está iniciando o curso - tente responder a uma série de perguntas. Imagine que é um teste de "Caras" ou outra revista; você responde às perguntas do teste, soma os pontos e conhece o seu futuro. Algo quase tão bom como os horóscopos do jornal.
1. Você nota que uma boa parte da bibliografia da matéria está
em inglês - a língua que você não domina. Você
a) lamenta que o segundo grau não lhe ensinou esta língua e "deixa
isso pra lá",
z) começa na primeira semana as leituras de textos usando os dicionários
com determinação que após 3 meses "vai se virar".
2. Os professores sugerem que é importante formar um grupo de trabalho.
Você
a) pergunta aos colegas quem queria estudar junto mas todos eles ou moram
longe ou parecem meio chatos,
z) desistindo de alguns planos anteriores você arruma tempo e lugar para
encontros sistemáticos com um grupo que repassa tudo que acontece em
aulas.
3. Na aula ouve-se algo sobre o teorema de Tales. Você tem uma impressão
que ouviu algo parecido na escola. Já que o professor passou pelo tópico
muito rápido, você
a) acha que é o problema é do passado, pois você já passou no vestibular,
z) imediatamente após o almoço você procura na biblioteca um livro com
o materiar escolar para se relembrar de que se trata.
4. Um colega da quinta fase conta que na escola ganha-se menos do que
fazendo faxina. Você
a) concorda e acrescenta que alguém (governo, prefeito, coordenador do
curso) deve mudar isso e você volta a assistir a novela,
z) você responde que justamente desde alguns meses você não assiste mais
novelas porque precisa de todo tempo disponível para o seu estudo,
pois os profissionais competentes sempre encontram razoavelmente bem
pago emprego.
5. Dos 10 exercícios passados na última aula você sabe começar só um.
Então você
a) decide perguntar amanhã para aquele cdf da primeira fila como
ele resolveu tudo,
z) o seu cesto de lixo toda noite está cheio de folhas com as tentativas
mal sucedidas e após horas e horas de trabalho você sabe resolver apenas
4 exercícios.
Onde está a pontuação e a tabela de conversão de pontos em vereditos: "fadado ao insucesso" ou "haverá o futuro brilhante"?
Nada disso. Se quiser, pode acreditar que é possível atribuir uns numerzinhos às respostas - e depois converter os números em visões do futuro. Mas para mim isso tem tanto sentido quanto os horóscopos. Além disso, entre as possibilidades a) e z) existem variantes inimagináveis para mim. Apesar disso
Bem, se eu conhecesse as suas respostas, provavelmente saberia formular a minha aposta sobre as suas chances de sucesso. Não usaria aqui as ferramentas matemáticas mas o bom senso. Então também você pode o usar, não é verdade? E você pode fazer uma excelente prognose se você terminará bem este curso ou