COMO SE RESOLVE OS EXERCÍCIOS NA PROVA?

Obviamente do mesmo jeito como se resolve fora da prova. É um profundo equívoco estudar para uma prova. Estuda-se para saber, compreender. Graças a compreensão da teoria pode-se resolver um problema em quaisquer circunstâncias.

É difícil de abandonar os costumes arraigados: de despejar no papel um volume de cálculos intercalados com a palavra fazendo, terminando com algum número apresentado triunfalmente como o vencimento da obra. Custará a compreender que a matemática não é isso, que o nome do jogo é raciocínio, mas aos poucos a gente chega lá.

Por sinal – na minha opinião um dos piores vícios escolares é aquele fazendo. Os alunos usam a expressão como se fosse uma argamassa lingüística, enfiada entre os blocos de cálculos, tornando-a desse modo desprovida de qualquer sentido. Portanto, um aviso importante: na prova escrita cada uso da palavra fazendo resulta em diminuição da nota obtida nesse exercício em 10%. Em outras palavras: fez tudo certo mas no exercício colocou 10 vezes fazendo – ganhou dele nota 0 (zero). Por favor, reclamações posteriores não serão atendidas, isto é uma das regras do jogo e quem durante o jogo a esquecer, sofrerá uma penalidade.

(Se você está estranhando a minha insistência em pontos desse gênero, você interpreta o meu papel de um professor universitário do outro modo que eu o vejo: eu não ensino como memorizar algumas fórmulas úteis, eu mostro como cultivar o solo para que elas cresçam.)

Vendo isso do modo prático, proponho que você encare a submissão da sua prova escrita como se fosse uma valiosa receita fornecida por um cozinheiro principiante a um programa de divulgação. O primeiro ponto: é você quem está sendo o principal interessado em sucesso, você quer mostrar o seu valor.

Um dia, quando você ficar famoso, vou bater na sua porta humildemente pedindo uma receita e um autógrafo – e você poderá rabiscar o que quiser na etiqueta da garrafa de água mineral ou na caixa de fósforos – mas por enquanto você está buscando um reconhecimento e um descuido em algum quesito formal pode comprometer fatalmente a sua tentativa.

O segundo ponto: você não vai encher o papel com detalhes técnicos sem importância do tipo olho se está fervendo, vou mexer, mexo duas vezes. O principal é: componentes usados (medidas, quantias) seqüência de preparos, seqüência de atividades principais (quando, como). Talvez será uma outra pessoa quem efetivamente cozinhará tudo isso no estúdio, você apenas explica claramente o percurso – e você anexa uma amostra (bolo? talvez a foto dele…) do efeito final, amostra que completa mas não substitui a receita.

Como ganhar o equilíbrio entre os dois lados: técnico e conceitual? Treinando. Favor, não esqueça em seus treinamentos que explicações em português prevalecem às fórmulas. Não é uma invenção minha, cada livro didático que se preza cumpre este mandamento.